segunda-feira, 29 de março de 2010

27 de janeiro será sempre memorável.

Eu não esperava por aquela visita. A gente tinha se visto no dia anterior, show d'Os Mutantes...tudo no clima frio de sempre. Repito que, eu não esperava por aquela revista.
Eis que Deus - ou qualquer outro Ser sacana que nos faz de marionetes - decidiu, por óbvio, me testar e rir com os resultados.
Primeiro me enviou uma mensagem no celular, coisa que ele nunca faz...é hippie demais pra isso, julga.
Dizia um inocente 'estamos indo praí' que me fazia questionar: que necessidade havia de me avisar?
Respondi sem inocência, um exato 'venha, te consigo lugar pra dormir' e que veio acompanhado da resposta 'confio em ti, não estou levando barraca'.
Me sinto idiota de ter memorizado isso.
Ele apareceu, daquele jeito desajeitado de guri que cresceu muito e não sabe conduzir o corpo. Alto, magro, esquisito como sempre e como eu sempre gostei.
Ele não trazia flores, não trazia um vinho caro, não trazia bombons de licor de cereja...mas trazia um abacaxi, cachaça e coisas ilícitas. Tudo bem, somos todos loucos mesmo.
Me tratou como a amiga de sempre, afinal, somos mesmo amigos.
Não me lembro do que aconteceu no decorrer da noite, lembro de ter uma garrafinha, daquelas decoradas, com um conteúdo que, talvez fosse mesmo cachaça. Bebi sem dividir com qualquer outra pessoa.
Nos aproximamos. Não lembro da conversa, não lembro do caminho até minha barraca, mas lembro de ter me sentido flutuar (talvez pelo excesso de cachaça) e lembro de tudo o que conversamos deitados lado a lado, olhando nos olhos.
E eu nunca imaginei que ele pudesse me olhar nos olhos.
Não teve sexo, transa, trepada ou amorzinho gostoso.
Eu me senti completa, sabia que não queria estar vivendo nada diferente do que aquele momento, só queria ser aquele momento. Éramos dois, éramos tão um.
O que aconteceu foi mais íntimo do que isso.
Nossos lábios se tocaram, nossas mãos se tocaram, nossas almas se tocaram.
Dormimos juntos, acordamos juntos, rimos muito juntos e falamos bobices juntos.

Tivemos ressaca juntos, e fomos cada um pra um lado.
Separados.
Me sinto bem.

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