terça-feira, 25 de agosto de 2009

das (in)certezas

Hoje eu te quero.
Sinceramente, inconsequentemente, inteiramente.
Amanhã já não sei.
Ontem eu não estava enlouquecida pelo teu calor, nem desejava teu toque, nem me derretia pensando nos teus beijos.
Hoje sim, hoje eu estou apaixonada, mas amanhã posso não estar mais.
Eu não tenho nada a esperar de ti, de mim, de nós.
Não se sobra tempo pra esperas, não sobra tempo pra futuro.
O que a gente tem é agora, sem antes, sem depois.
Minha sede de ti é urgente e grita alto. Quero matá-la antes que eu fique surda, ou beba água de outra fonte.

Por Pablita Spielmann
Pra ele, que por 3 horas se fez alma-gêmea.
Pra ele, que por 18 horas se fez desejo.
Pra ele, que por 36 horas se fez amor.




Poema sem inspiração

Tu.
Meu erro em tela
Meu acerto em linhas tortas.

Tu.
Meu canto
Meu grito
A rouquidão
Meu silêncio

Tu.
Meu riso
Seriedade
A água e o sal

Tu.
O sono
Sonho
Pesadelo
As escuras noites em claro.

Tu.
A canção da boca pra fora
A música ao pé do ouvido.

Tu.
As ruas, as luas e os bares.

Tu.
Os escritos, as letras e o ponto final.

Tu.
Meu verso, minha rima, minha prosa.

Meu confuso e único poema.
Tu.



Por Pablita Spielmann

domingo, 16 de agosto de 2009



Ah, que desgosto.
Não gosto do gosto desse Agosto que veio à contragosto.
Por Pablita Spielmann


A moça

"Repito sempre: sossega, sossega que o amor não é pro teu bico."
Caio Fernando Abreu


Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode praver, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça...ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário...por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.

Por Pablita Spielmann

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Carta ao meu afilhad@


Oi criança.

Eu ainda to muito assustada com o fato de tu existir, sabia? Eu tenho um milhão de dúvidas na minha cabeça e nem sei pegar um bebê no colo muito bem. Mas ao mesmo tempo, todas as minhas dúvidas e medos e essas coisas se tranformam num sorriso e numa cara de boba, e fico horas falando em ti.

Sabe, teus pais são tão novos e tão cheios de medo, eu acho que tu tens que ter paciencia com eles, porque logo quando tu saires dessa caixinha confortável que é a barriga da tua mãe, eles vão estar atrapalhados. Tenta não rir das caras de assustados que eles vão te olhar quando tu chorar, porque mesmo sem saber direito o que fazer, eles vão fazer da melhor maneira possível.

Tem um monte de coisas acontecendo aqui fora. O Michael Jackson morreu, a governadora está sendo investigada em uma CPI, o Sarney...ah, não quero falar sobre o Sarney, o Inter é 'campeão de tudo' mas o Grêmio que ganhou o último GRE-NAL. Teu pai está se preparando pra ser Mestre, tua mãe está estudando pra ser professora de Geografia, teu dindo é jornalista e eu, tua dinda, também vou ser professora um dia, e de História. Isso não dá muito dinheiro.

Mas dinheiro não é o mais importante na vida, nunca deixe que te digam o contrário, tá?

Faz uns dias, eu fui na casa da tua vó Eva (porque tua mãe ainda mora lá enquanto tu estás na barriga) pra ver uma foto que tiraram de ti. Eu vi teu narizinho, teu olho (tu vai ter dois, mas eu só vi um porque a foto era de perfil) tua cabeça, boca e tua mãozinha, com cinco dedinhos. E te achei lindo!

Ainda não sei se tu vai ser menino ou menina. E não preciso saber disso pra gostar mais de ti. Tu já é o pequeno grande amor da minha vida.

Eu não disse isso pros teus pais, nem sei se consigo dizer, mas vou contar pra ti: eu sou eternamente grata por eles terem te confiado à mim pra ser tua madrinha, porque tu é o maior presente que eu vou ter na vida, e vou estar ao teu lado pra sempre, sempre mesmo. E se tu não gostar de mim, eu vou estar ao teu lado do mesmo jeito.

Eu perdi pessoas muito importantes na minha vida, e eu sofri e fiquei muito triste. Mas só em pensar que logo logo tu vai estar do lado de fora, sorrindo, chorando, falando, crescendo...isso me dá muita alegria, esperança e vontade de viver feliz, pra te acompanhar sendo feliz.

Bom, eu vou parar de escrever porque são muitas linhas pra um bebê ler.

E mesmo sem te ver do lado de fora, eu te amo muito. E isso só vai aumentar.

To te esperando.



domingo, 9 de agosto de 2009

Identifica-te

Voltei.
Depois de muito tempo, voltei.
Eu andava feliz, bem feliz, vomitando felicidade por aí.
Abandonei meus escritos quando achei um amor.
E eu estava errada. Tanto em abandonar os escritos quanto em encontrar um amor.
Nesse tempo em que eu encontrei - ou fui encontrada - eu andei bem nas nuvens. Mergulhei, respirei, me alimentei desse amor tão intenso e esqueci das pequenas coisas boas que tem na solidão.
Ser só e se conhecer. E eu já não me reconhecia.
Agora, não me permito mais esquecer quem eu sou.
E estou farta dessa gente que te tira da solidão mas não fica contigo de verdade, de corpo, alma, mente, palavra e sentimento.
Quero companheirismo e verdade.